Ministro das Relações Exteriores teve reunião com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, em Washington para discutir relação bilateral, reafirmar disposição de negociar e classificar ingerência incaeitável
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, afirmou que o Brasil está aberto a prosseguir com o diálogo e as negociações comerciais com o governo dos Estados Unidos. Mas que classificou, junto ao secretário de Estado do país, Marco Rubio, como descabida e inaceitável a ingerência nos assuntos internos do Brasil.
O chanceler referiu-se às sanções aplicadas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, pelo governo estadunidense, baseadas na insatisfação do governo de Donald Trump com o processo por tentativa de golpe envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Vieira e Rubio se reuniram nesta quarta-feira (30/7) em Washington e retorna ainda hoje ao Brasil. O encontro ocorreu no mesmo dia em que o presidente Trump assinou a ordem executiva que impõe tarifa de 50% a produtos exportados brasileiros, mas com uma lista de quase 700 exceções.
O ministro brasileiro ponderou que as questões comerciais em torno do tarifaço pretendido pelo governo Trump ainda devem ser objeto de diálogo – com o que concordou o secretário de Estado.
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Confira o pronunciamento de Mauro Vieita após a reunião
Em Washington, hoje, reuni-me com o Secretário de Estado, Sr. Marco Rubio, para tratar do estado atual das relações bilaterais. Reafirmei a disposição do Brasil em prosseguir com as negociações comerciais iniciadas em 7 de março do corrente ano, as quais foram interrompidas após a divulgação da carta do ex-presidente Trump em 9 de julho.
Salientei que a ingerência nos assuntos internos do Brasil, especialmente no que concerne às decisões do Poder Judiciário, incluindo o andamento do processo judicial envolvendo o ex-presidente Bolsonaro, é inaceitável e descabida. Reiterei a independência do Poder Judiciário brasileiro, comparável à da justiça americana, e assegurei que o Brasil não cederá a pressões externas.
Diante disso, o governo brasileiro se reserva o direito de responder às medidas adotadas pelos Estados Unidos. Ao término da reunião, concordamos sobre a importância de manter o diálogo para a solução das questões bilaterais.
Retorno ao Brasil esta noite e, ao chegar, informarei ao Presidente Lula o conteúdo das conversas mantidas nos Estados Unidos, a fim de definir as ações do Brasil em resposta às medidas anunciadas hoje pelos Departamentos de Estado e do Tesouro, bem como pela Casa Branca.
Saiba mais sobre as ações do Governo Federal para enfrentar o tarifaço de Trump
Com informações da Agência Brasil