O Governo Federal teve um grande avanço na nacionalização do Defesa Civil Alerta neste sábado (20). No início da tarde, alertas de demonstração da nova tecnologia foram enviados para 28 municípios do Norte, marcando a chegada da ferramenta na região e o aumento efetivo da segurança da população em risco. Em Macapá (AP), o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, deu o comando para o disparo dos alertas e acompanhou o funcionamento do principal dispositivo de comunicação da Defesa Civil Nacional em casos de desastres de grande perigo.
Os alertas foram enviados para as cidades de Macapá, Santana, Laranjal do Jari e Tartarugalzinho, no Amapá; Manaus, Manacapuru, Novo Airão e Iranduba, no Amazonas; Rio Branco, Cruzeiro do Sul, Brasiléia e Jordão, no Acre; Belém, Parauapebas, Paragominas e Tucuruí, no Pará; Boa Vista, Amajari, Bonfim e São João da Baliza, em Roraima; Palmas, Araguaína, Gurupi e Talismã, no Tocantins; e Porto Velho, Ji Paraná, Ariquemes e Vilhena, em Rondônia.
O novo sistema intensificará a segurança das pessoas da região Norte enviando mensagens de texto e avisos sonoros para os celulares em áreas de risco iminente, sem necessidade de cadastro prévio. Os alertas aparecem de forma destacada na tela e podem soar mesmo nos aparelhos em modo silencioso. Qualquer cidadão, independentemente do DDD, que esteja no município com previsão de desastre, poderá receber o Defesa Civil Alerta. A ferramenta utiliza a rede de telefonia celular e a abrangência depende da cobertura de telefonia móvel e da compatibilidade dos dispositivos com as redes 4G ou 5G. Sendo assim, se o celular estiver conectado a uma rede WI-FI, o usuário receberá o alerta se o aparelho contar as redes 4G ou 5G.
O Defesa Civil Alerta foi criado após um pedido do presidente Lula, lembrou o ministro Waldez. “O presidente pediu que buscássemos mais instrumentos voltados para a prevenção e o salvamento de vidas, além da preservação do patrimônio”, explicou. De acordo com Waldez, a precisão de informação é o grande destaque da ferramenta. “Se temos uma informação precisa, transmitimos uma mensagem mais precisa também. Dessa forma, a comunidade, cada vez mais preparada, vai saber lidar melhor com o alerta que está recebendo”, afirmou.
O ministro chamou atenção para a importância da gestão de risco. “A nova ferramenta ajuda, assim como outras ações do governo do presidente Lula, a criar uma cultura para lidarmos com o risco. No geral, somos muito eficientes após um desastre, atuamos muito e nos mobilizamos no Brasil inteiro, mas também precisamos criar uma cultura para lidarmos com a gestão do risco”, reforçou.
Em Brasília (DF), representantes da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec), Ministério das Comunicações, Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e operadoras acompanharam o envio dos alertas da sala de controle virtual do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad). O órgão é responsável pela Interface de Divulgação de Alertas Públicos (Idap), plataforma do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) que permite o envio estruturado de mensagens de risco para a população.
Com o Defesa Civil Alerta, o Brasil dá um grande passo, ressaltou o secretário-executivo do MIDR, Valder Ribeiro. “Nas Américas, apenas três países, Estados Unidos, Canadá e Chile, possuem essa ferramenta. Portanto, para o Brasil, que é um país continental, é de extrema importância estarmos fazendo a nacionalização desse sistema e o colocando à disposição da população”, disse.
O secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff, destacou o impacto da nova tecnologia na prática. “Há dois meses, vimos na prática a eficiência da ferramenta em Petrópolis (RJ) e Angra dos Reis (RJ), afetadas pelas chuvas. Em Angra dos Reis, após o envio dos alertas, a população ficou informada, conseguiu buscar medidas de autoproteção e, com isso, nenhuma vida foi perdida, o mesmo ocorreu em Petrópolis”, comemorou.
Na ocasião, o diretor do Cenad, Armin Braun, ressaltou o papel da sociedade na gestão de desastres. “As pessoas precisam incorporar o senso de segurança na rotina e no dia a dia delas, precisam estar atentas às mensagens, buscar contato frequente com as defesas civis e tomar medidas antecipadas ao desastre. Quando o alerta chegar, a população precisa tomar a decisão de seguir as orientações e não enfrentar o desastre”, afirmou.
Em Macapá, os celulares da população começaram a receber as mensagens de texto e avisos sonoros por volta das 15h. O governador do Amapá, Clécio Luís, acompanhou a demonstração e comemorou a chegada da nova tecnologia ao estado. “Nós, do Amapá, nos sentimos abraçados pelo Governo Federal com a vinda desse sistema”, afirmou.
A vendedora Cibele Oliveira recebeu o Defesa Civil Alerta quando estava no trabalho. “Tomei um susto com o barulho do alerta, mas logo vi que era uma demonstração da defesa civil. Percebo o quanto isso é importante porque, se fosse uma situação real, eu estaria sendo avisada, já que, quando estou no trabalho, não tenho acesso ao que está ocorrendo lá fora. Ou seja, eu teria a chance de me preparar para um possível desastre”, disse a vendedora.
Já a publicitária Anne Siqueira estava indo ao shopping quando recebeu o alerta. Ela também se assustou com o aviso sonoro inicialmente. “O mais importante é ver que o alerta é de uma fonte confiável, isso me deixa segura. Eu vejo essa nova tecnologia como algo muito necessário, tendo em vista que o mundo inteiro está enfrentando as mudanças climáticas”, declarou a publicitária.
O servidor público Laércio Barbosa estava na academia no momento do alerta. “Eu estava na academia e achei importante receber enquanto estamos fazendo nossas atividades do dia a dia, pois o clima está cada vez mais incerto com as mudanças climáticas”, observou.
Sul, Sudeste e Nordeste
O Defesa Civil Alerta entrou em operação nas regiões Sul e Sudeste no fim do ano passado e, no Nordeste, em junho deste ano. Desde então, a ferramenta foi utilizada 433 vezes até o momento, sendo:
• 362 alertas severos (com tempo de preparação);
• 56 alertas extremos (com necessidade de ação imediata);
• 15 alertas de demonstração (para treinar a população).
Os estados com o maior número de alertas foram São Paulo (160), Santa Catarina: (160) e Minas Gerais (40). Os principais riscos comunicados foram:
• 195 alertas para chuvas intensas;
• 94 para tempestades;
• 43 para deslizamentos de terra;
• 26 para inundações.
Neste mês, a tecnologia também ficará disponível no Centro-Oeste, completando a nacionalização prometida pelo ministro Waldez.
Defesa Civil Alerta
Criado pela Anatel em parceria com o Ministério das Comunicações (MCom), o Defesa Civil Alerta busca avisar a população sobre o risco iminente de desastre e orientar sobre as medidas de proteção a serem tomadas. Os alertas terão informações sobre o tipo de risco que está prestes a acontecer e instruções práticas.
As definições de conteúdo e do momento de envio dos alertas são de responsabilidade dos órgãos de proteção e defesa civil locais e a ação é operacionalizada por meio da IDAP. Neste primeiro momento, o envio do Defesa Civil Alerta será feito pelas defesas civis estaduais.
O objetivo do projeto é proporcionar maior segurança à população, sendo complementar aos demais mecanismos de alertas de emergência: SMS, TV por Assinatura, Whatsapp, Telegram e Google Public Alerts.
No evento deste sábado, o ministro das Comunicações, Frederico Siqueira, destacou o trabalho conjunto do Governo Federal. “A orientação do presidente Lula é trabalharmos de forma integrada. Foi o que fizemos, uma gestão integrada entre os ministérios tendo a população no centro dessa discussão”, concluiu.
Tipos de alerta: extremo e severo
A Defesa Civil Nacional emite dois tipos de alerta, o severo e o extremo. O alerta severo indica a necessidade de ações preventivas, como em casos de chuvas fortes com riscos de deslizamentos ou alagamentos, por exemplo, e o celular emite um som de “beep”, sem interromper o modo silencioso. A tela ficará bloqueada até que o usuário decida fechá-la. Para receber o alerta severo é preciso acessar as configurações do celular. No caso do sistema operacional Android, basta acessar Configurações, Segurança e Emergência, e Alerta de Emergência Sem Fio. No caso do sistema iOS, basta acessar Notificações e habilitar as opções de alerta.
O alerta extremo é o nível mais alto, com urgência imediata, e serve para situações de risco grave para a vida e a propriedade. Nesse caso, o celular emitirá um sinal sonoro que se mantém ativo mesmo com o aparelho em modo silencioso. A tela do celular será congelada e só poderá ser liberada pelo usuário ao fechar a notificação. Nesse caso, os celulares possuem a configuração ativada, sendo impossível desativá-la.