Em sessão temática dos dez anos do compromisso internacional para limitar o aquecimento da Terra, o presidente brasileiro pediu celeridade para implementar o Acordo. Ele também chamou atenção para a necessidade de financiamento climático para os países em desenvolvimento
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta quinta-feira, 7 de novembro, da Terceira Sessão Temática da Mesa de Líderes sobre os 10 anos do Acordo de Paris, dedicada às Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e ao financiamento climático. No encontro, Lula reafirmou o compromisso do Brasil com uma transição justa e sustentável e defendeu a ampliação do financiamento internacional para que os países em desenvolvimento possam cumprir suas metas ambientais.
Lula também reforçou o protagonismo do Brasil na agenda climática e o compromisso de transformar a COP30, em Belém, em um marco de renovação dos esforços internacionais.
No que depender do Brasil, Belém será o lugar onde renovaremos nosso compromisso com o Acordo de Paris. Isso significa não apenas implementar o que já foi acordado, mas também adotar medidas adicionais capazes de preencher a lacuna entre a retórica e a realidade”, disse Lula.
O Acordo de Paris, adotado em 2015 por 194 países e a União Europeia durante a COP21, na França, estabeleceu um marco histórico para o combate à mudança climática. O tratado prevê que cada país apresente suas Contribuições Nacionalmente Determinadas — planos de ação que indicam como pretendem reduzir as emissões de gases de efeito estufa e fortalecer a capacidade de adaptação aos impactos do clima. Essas metas são revistas a cada cinco anos e devem refletir ambições progressivamente maiores, de acordo com os avanços da ciência e da economia.
De acordo com Lula, as NDCs representam o caminho para concretizar o ideal do desenvolvimento sustentável e demonstram que a transição para uma economia de baixo carbono é possível. “Segundo a Agência Internacional de Energia, no ano passado, o crescimento das emissões foi inferior ao do PIB global. Isso mostra que é possível pensar em um novo modelo de economia sem sacrificar a geração de riqueza”, afirmou o presidente, ao frisar que o cenário global já indica que crescimento econômico e sustentabilidade podem caminhar juntos.
COMPROMISSO GLOBAL — Mesmo com avanços importantes, Lula ressaltou que o mundo ainda está longe de cumprir plenamente os objetivos do Acordo de Paris. Ele reiterou o papel do Brasil em impulsionar o compromisso global com a agenda climática. “Fazer da COP30 a ‘COP da Verdade’ implica reconhecer a ciência e os inegáveis progressos. Significa, entretanto, admitir uma verdade desagradável: o mundo ainda está distante de atingir o objetivo do acordo”, afirmou.
O presidente relembrou que o tratado se baseia no princípio de que cada país deve fazer o que estiver ao seu alcance para limitar o aquecimento global a 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais — meta que, segundo ele, ainda está fora do alcance atual. “O que nos cabe perguntar hoje é: estamos realmente fazendo o melhor possível? A resposta é: ainda não”, disse.
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FINANCIAMENTO — Ao tratar do papel do financiamento climático, o presidente ressaltou que o combate à mudança do clima exige visão de longo prazo e cobrou mais ambição dos países na mobilização de recursos. “O enfrentamento da mudança do clima deve ser visto como um investimento, não como um gasto. As exigências crescentes de adaptação vão requerer esforço ainda maior de financiamento”, disse.
Lula destacou que, com vontade política, é possível alcançar a meta de mobilizar US$ 1,3 trilhão por ano em financiamento climático, sem impor custos injustos aos países mais pobres. “Não faz sentido, ético ou prático, demandar a países em desenvolvimento que paguem juros para combater o aquecimento global e fazer frente a seus efeitos. Isso representa um financiamento reverso, fluindo do Sul para o Norte Global”, afirmou.