Bioeconomy Challenge define marcos claros para 2028, transformando a visão de uma bioeconomia resiliente e inclusiva em ação coordenada, apoiada por estruturas políticas coerentes, resultados mensuráveis e mecanismos financeiros inovadores
O Brasil, em parceria com a sociedade civil e parceiros multilaterais, lança hoje na COP30 o Bioeconomy Challenge – uma plataforma internacional e multissetorial criada para transformar os princípios globais da bioeconomia em ações concretas e soluções escaláveis até 2028.
Além de metas mensuráveis, a iniciativa propõe uma visão compartilhada: construir mercados de bioeconomia que protejam a natureza, impulsionem a descarbonização e coloquem as pessoas e as comunidades no centro das decisões.
Como parte da Agenda de Ação da COP 30 (Meta 29 – Bioeconomia e Biotecnologia), esta iniciativa de três anos está alinhada a um marco histórico: pela primeira vez, a bioeconomia é formalmente reconhecida no processo da COP como um caminho estratégico para
acelerar o cumprimento das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). Considerada a próxima fronteira do crescimento sustentável, a bioeconomia busca aproveitar os recursos naturais de forma responsável, impulsionando indústrias, gerando
renda e restaurando ecossistemas.
Visite www.bioeconomychallenge.org
Impulsionada pela liderança do Brasil e da África do Sul no G20 e ancorada na agenda brasileira da COP 30, a iniciativa representa um passo concreto da ambição para a ação, envolvendo múltiplos interessados e comunidades locais. Demonstra como plataformas nacionais e regionais de bioeconomia podem evoluir para um modelo de referência mundial de desenvolvimento equitativo, mensurável e escalável da bioeconomia.
Da África do Sul ao Brasil: uma estrutura escalável
O Bioeconomy Challenge transforma em ação os Princípios de Alto Nível da Bioeconomia do G20 com foco em cinco áreas prioritárias — florestas, agricultura regenerativa e restauração, sociobioeconomia, inovação em financiamento e bioindustrialização — apoiadas por quatro grupos de trabalho especializados, liderados pela FAO (métricas e indicadores), Grupo BID (mecanismos de financiamento), UNCTAD (desenvolvimento de mercado e comércio) e WRI (sociobioeconomia e benefícios comunitários). A iniciativa busca superar lacunas críticas em métricas, financiamento e desenvolvimento de mercado, que ainda restringem investimentos em escala.
Com a NatureFinance à frente da Secretaria Executiva e um Comitê Diretor que reúne governos, setor privado e sociedade civil, a iniciativa adota um modelo de governança compartilhada para gerar impacto mensurável. Até 2028, o Bioeconomy Challenge fornecerá um conjunto de padrões e ferramentas compartilhadas para métricas, finanças e desenvolvimento de mercado, permitindo que os países integrem a natureza em suas estratégias de crescimento econômico com consistência e responsabilidade.
Juntas, essas parcerias sinalizam uma nova fase de cooperação, focada em resultados verificáveis e padrões globais compartilhados para uma bioeconomia de fato sustentável.
Bioeconomia: vetor global para o crescimento resiliente e inclusivo
A bioeconomia abrange todas as atividades econômicas baseadas no uso sustentável de recursos biológicos, sendo fundamental para a descarbonização, a inovação e o crescimento inclusivo. Em um contexto em que cerca de US$ 7 trilhões ainda são investidos
anualmente, por fontes públicas e privadas, em atividades que causam danos diretos à natureza, a bioeconomia oferece um caminho para redirecionar esses fluxos financeiros para cadeias de valor capazes de regenerar ecossistemas, fortalecer comunidades e
ampliar a resiliência.
Ao conectar inovação tecnológica, valor econômico e conservação ambiental, impulsiona tanto processos industriais quanto soluções baseadas na natureza (desde biotecnologias até sistemas de produção regenerativos) que respeitam os limites do planeta.
Para viabilizar essa transformação, são indispensáveis métricas claras e comparáveis (uma das prioridades do Bioeconomy Challenge) e instrumentos de financiamento escaláveis que gerem retornos, reduzam riscos e alcancem comunidades locais e tradicionais, incluindo povos indígenas, populações ribeirinhas e quilombolas.
Até 2028, a iniciativa projetará mecanismos financeiros inovadores e equitativos que garantam a sustentabilidade de longo prazo e a repartição justa dos benefícios, reafirmando a liderança do Brasil e do Sul Global na construção de soluções para as pessoas, a
natureza e o planeta.
Agenda de Ação
O Bioeconomy Challenge faz parte do Plano de Aceleração de Soluções da COP30, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e pela Presidência da COP30, sob a Meta 29 — Bioeconomia e Biotecnologia. A Conferência do Clima de Belém também estabeleceu um dia temático para a bioeconomia (10-11 de novembro) e nomeou o brasileiro Marcelo Behar como o primeiro Enviado Climático para a Bioeconomia, ressaltando a liderança do país na integração do tema à governança climática global.
Os quatro grupos de trabalho da iniciativa são liderados, respectivamente, por :
• Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) – Métricas e indicadores
• Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) – Mecanismos de financiamento
• Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) – Desenvolvimento de mercado e comércio
• World Resources Institute (WRI) – Sociobioeconomia e benefícios para as comunidades locais e tradicionais
Sobre os Princípios de Alto Nível do G20 sobre Bioeconomia
Adotados sob a presidência brasileira do G20 em 2024, os dez Princípios de Alto Nível sobre Bioeconomia constituem o primeiro acordo plurilateral que orienta o desenvolvimento global da bioeconomia. Dentre os princípios estão compromissos com a inclusão, a conservação da biodiversidade, o uso sustentável dos recursos, a repartição justa de benefícios, a produção e o comércio sustentáveis e empregos dignos. Sob a Presidência da África do Sul (2025), a Iniciativa do G20 sobre Bioeconomia trabalhou para traduzir esses princípios em ações concretas, avançando na definição de métricas e de áreas-chave, como o comércio.
O que dizem as lideranças globais
“O Desafio da Bioeconomia oferece um roteiro para uma economia que integra natureza, prosperidade e justiça socioambiental como dimensões inseparáveis. A partir dessa iniciativa, estamos construindo pontes entre o conhecimento ancestral dos povos indígenas
e comunidades tradicionais e o rigor da ciência moderna; entre métricas que revelam o verdadeiro valor da natureza e o financiamento que chega àqueles que realmente protegem os territórios; e entre os mercados e a necessária manutenção das florestas em pé, dos rios
vivos e da sociobiodiversidade que sustenta a vida”.
Marina Silva, Ministra de Meio Ambiente e Mudança do Clima.
Acesse aqui a página oficial da COP 30 • E aqui a lista de notícias da COP 30 na Agência Gov
“A bioeconomia é uma agenda para o presente e para o futuro que desejamos. Para que ela se torne realmente uma estratégia transformadora, são necessários elementos fundamentais que estamos abordando no Bioeconomy Challenge: métricas claras, financiamento inovador e desenvolvimento de mercado inclusivo, com foco na sociobioeconomia. Mas os governos sozinhos não podem construir esse futuro. Devemos criá-lo juntamente com aqueles que estão comprometidos em transformar suas atividades econômicas para atender às demandas da ação climática. O Bioeconomy Challenge reúne a sociedade civil, empresas, governos e comunidades para transformar essa visão em ação. Nossa esperança é que essa iniciativa expanda significativamente os investimentos e ações concretas em economias baseadas na natureza, que são uma agenda prioritária para a COP30 e essenciais para a transição climática de que todos precisamos”.
Carina Pimenta, Secretária Nacional de Bioeconomia do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima
“Para liberar todo o potencial da bioeconomia, precisamos torná-la mensurável, atraente para investimentos e inclusiva. O Bioeconomy Challenge faz exatamente isso: traduz princípios globais compartilhados em ações financeiras e políticas que proporcionam benefícios em escala para comunidades, mercados e ecossistemas”.
Julie McCarthy, CEO da NatureFinance
“Para ajudar a bioeconomia global a crescer em escala, precisamos ancorá-la em indicadores específicos, transparentes e comparáveis para que a sustentabilidade tenha o mesmo significado em todos os lugares. A FAO espera avançar nessa agenda com diversos atores por meio do Grupo de Trabalho de Métricas do Bioeconomy Challenge, garantindo que a bioeconomia cumpra sua promessa de transformar a forma como vivemos, produzimos e compartilhamos recursos”.
Kaveh Zahedi, diretor do Escritório de Mudanças Climáticas, Biodiversidade e Meio Ambiente da FAO
“A bioeconomia sustentável oferece novas oportunidades para diversificar as exportações, impulsionando o mercado verde e de baixo carbono, protegendo a natureza e gerando meios de subsistência sustentáveis. Com base em quase três décadas de experiência em biocomércio e economia circular e na experiência dos membros do grupo de trabalho, a UNCTAD visa cocriar caminhos de desenvolvimento de mercado para uma bioeconomia resiliente e inclusiva”.
Luz María de la Mora, diretora da Divisão de Comércio Internacional e Commodities da UNCTAD
“A WRI Brasil tem a honra de liderar o Grupo de Trabalho de Sociobioeconomia do Bioeconomy Challenge. A sociobioeconomia é um caminho vivo para uma transição justa na América Latina, oferecendo um modelo que prioriza a conservação das florestas, a rica biodiversidade da região e o bem-estar da população local, e que também ressoa em outras florestas tropicais em todo o mundo. Por meio do BioChallenge, buscamos conectar pessoas, natureza e clima para moldar um futuro sustentável e inclusivo”.
Mirela Sandrini, diretora executiva da WRI Brasil
“O BID, por meio de seu Programa Amazônia para Sempre, tem orgulho de se juntar ao Bioeconomy Challenge e liderar seu grupo de trabalho sobre mecanismos financeiros. Esta iniciativa ajudará a ampliar a ambição nas florestas tropicais, especialmente na Amazônia, alavancando estratégias de bioeconomia que fortalecem a resiliência, promovem a descarbonização e melhoram os meios de subsistência das famílias e comunidades”.
Morgan Doyle, gerente geral do Departamento Regional de Países do Cone Sul (CSC) do BID
Agenda do Bioeconomy Challenge na COP 30
• 14 de novembro, das 18h30 às 19h30
Lançamento do Grupo de Trabalho de Desenvolvimento de Mercado do Bioeconomy Challenge da Presidência da COP30, no Pavilhão ISO, Zona Azul (liderado pela UNCTAD)
• 17 de novembro, das 12h00 às 13h30
Lançamento oficial do Bioeconomy Challenge na Sala SE Parnaíba (Teatro), Zona Azul (liderado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e pela NatureFinance)
• 18 de novembro, das 17h às 18h
Lançamento do Grupo de Trabalho de Métricas do Bioeconomy Challenge , na Sala Temática Eixo 2, Zona Azul (liderado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil e pela FAO)
O que é NatureFinance
É um think tank sem fins lucrativos e um laboratório de soluções que projeta e dimensiona ferramentas financeiras, estruturas políticas e estratégias econômicas para alinhar as finanças globais a uma economia que funcione para a natureza, para o clima e para as pessoas. Ao conectar inovação financeira aos resultados da economia real, ajuda a construir um sistema financeiro global que valoriza a natureza como base da resiliência, prosperidade e equidade. Mais informações em www.naturefinance.net .
Conheça os demais parceiros da iniciativa
• Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)
É uma agência das Nações Unidas que lidera os esforços internacionais para acabar com a fome. Tem o objetivo de alcançar a segurança alimentar para todos e garantir que as pessoas tenham acesso regular a alimentos de alta qualidade em quantidade suficiente para levar uma vida ativa e saudável. Com 195 membros (194 países e a União Europeia), atua em mais de 130 países. https://www.fao.org/home/en
• Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD)
É o principal órgão da ONU para comércio e desenvolvimento. Fundada em 1964, apoia 195 Estados-membros com análises especializadas, assistência técnica e serve como plataforma para o diálogo intergovernamental. Ajuda os países em desenvolvimento a fazer com que o comércio, as finanças, os investimentos e a economia digital contribuam para o desenvolvimento inclusivo e sustentável.https://unctad.org/
• World Resources Institute – Brasil (WRI Brasil)
O WRI Brasil trabalha para melhorar a vida das pessoas, proteger e restaurar a natureza e estabilizar o clima. Como uma organização de pesquisa independente, utilizamos nossos dados, expertise e alcance global para influenciar políticas públicas e catalisar mudanças em sistemas como alimentos, uso da terra e água; energia; e cidades. O WRI Brasil faz parte do World Resources Institute (WRI). Fundado em 1982, o WRI conta com mais de 2.000 colaboradores que trabalham em mais de uma dúzia de países-chave e com
parceiros em mais de 50 nações. https://www.wribrasil.org.br/sobre
• Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)
É a principal fonte de financiamento e conhecimento para melhorar a vida na América Latina e no Caribe. O grupo é composto pelo BID, que trabalha com o setor público da região e capacita o setor privado; pelo BID Invest, que apoia diretamente empresas e projetos
privados; e pelo BID Lab, que estimula a inovação empreendedora. Durante a COP30, o Grupo BID realizará mais de 80 eventos com líderes e especialistas internacionais que apresentarão soluções para suprir as lacunas no financiamento do clima, da natureza e do
desenvolvimento por meio de parcerias, inovação e foco no impacto mensurável na América Latina e no Caribe. Jornalistas que cobrem a COP30 pessoalmente são bem-vindos, sem necessidade de inscrição. Locais: Pavilhão do Grupo BID na Zona Azul, Casa do BID na Zona Verde, Estação Amazônia Sempre no Museu Goeldi. https://www.iadb.org/
Estatísticas importantes:
● US$ 7 trilhões por ano ainda impulsionam a perda da natureza (~7% do PIB global).
● Mercado de US$ 30 trilhões projetado para a bioeconomia global até 2050.
● 32 milhões de empregos poderiam ser criados com a ampliação de soluções baseadas na natureza.
● Até 40% das soluções climáticas dependem diretamente da natureza. Apenas 3% do financiamento climático atualmente apoia soluções baseadas na natureza.
● Quase 60% da economia global depende diretamente da natureza e de seus serviços.
● A perda da natureza amplifica o risco financeiro sistêmico: o Banco da Inglaterra e o NGFS estimam que 55% dos empréstimos e investimentos globais dependem significativamente dos serviços ecossistêmicos.
● A dívida soberana está profundamente exposta ao risco natural: 58% dos países com classificação de crédito soberano dependem fortemente do capital natural para exportações ou receitas fiscais.
● Uma economia global positiva para a natureza poderia gerar US$ 10 trilhões em valor comercial anual e criar 395 milhões de empregos até 2030 (WEF)
● Alinhar as finanças globais com a natureza poderia evitar US$ 10 trilhões em perdas de ativos decorrentes do colapso dos ecossistemas e estabilizar o crescimento em economias vulneráveis às mudanças climáticas (SwissRe)
● Investir US$ 1 na restauração de ecossistemas pode render de US$ 4 a US$ 30 em retornos econômicos, melhorando a resiliência e a produtividade em todos os setores (UNEP 2021).
Por Ministério do Meio Ambiente