A agenda da saúde indígena, conduzida pela Secretaria de Saúde Indígena (SESAI) na 30ª Cúpula do Clima das Nações Unidas, em Belém, está integrada às pautas estratégicas do evento. Uma das prioridades da secretaria é ampliar o acesso à água de qualidade aos povos originários.
Segundo o secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba, um ponto central à saúde é o acesso à água potável nos territórios, um anseio que tem suscitado debates durante encontros e assembleias do movimento indígena organizado em todo o país. “Água potável é o tema da vez, que está colocado na agenda da SESAI, do Governo Brasileiro, e que vem sendo discutido entre as organizações indígenas. Nós estamos aqui para buscar também parcerias e ideias para garantir alternativas de acesso à água potável nos territórios indígenas do Brasil. É uma área estratégica para garantir a prevenção de doenças e promoção da saúde nos territórios indígenas”, pontuou.
O Secretário chama atenção também para a necessidade de discutir as principais problemáticas envolvendo as consequências da ação humana que põe a saúde das populações indígenas em risco. “Precisamos fazer um debate profundo, republicano, com o espírito democrático, e discutir influências externas, como o impacto do garimpo ilegal nos territórios indígenas e a presença do Agronegócio que acaba, também de algum modo, levando o problema dos agrotóxicos para muito perto das aldeias”, alertou.
O Saneamento Indígena tem sido um tema importante para o Ministério da Saúde no âmbito da saúde e da justiça socioambiental como uma medida crucial de mitigação e adaptação climática. Nesse contexto, a SESAI busca ampliar a visibilidade e o alcance do Programa Nacional de Saneamento Indígena (PNSI) e da Rede Nacional de Saneamento Indígena (RNSI), reforçando a cooperação técnica com parceiros como o UNICEF e o Hospital Israelita Albert Einstein, para garantir água segura e manejo adequado de resíduos nos territórios, reafirmando o saneamento como elemento estruturante para a soberania e o bem-viver indígena.
Outro pilar exclusivo da agenda da saúde indígena nas discussões durante a COP30 é o fortalecimento e a proteção das medicinas indígenas como sistemas de conhecimento e tecnologias de cuidado aos “corpos-territórios”, com o debate centralizado no processo de construção do Programa Nacional das Medicinas Indígenas (PRONAMI), previsto para 2026.
Mercúrio e Saneamento
Paralelamente, o Ministério da Saúde intensificou investimentos em saneamento e água segura para diminuir a exposição à água contaminada por mercúrio. Isso incluiu a implantação e o aprimoramento de sistemas de captação e abastecimento de água, resultando em mais de R$ 222 milhões investidos em obras na Amazônia Legal entre 2023 e 2025, beneficiando mais de 142 mil indígenas, e a conclusão de 522 obras de infraestrutura no período.
Também foram realizadas parcerias, como a distribuição de mais de 8.300 filtros com nanotecnologia e milhares de filtros de barro, além de hipoclorito de sódio, garantindo que 4.153 aldeias em todo o país tenham acesso a Sistemas de Abastecimento de Água (SAA) e/ou Sistemas Alternativos Coletivos (SAC), com medidas complementares para o tratamento intradomiciliar da água.
Luiz Cláudio Moreira
Ministério da Saúde