O Ministério da Saúde (MS) segue à frente das ações de reconstrução da rede de saúde no Rio Grande do Sul, fortemente afetada pelas enchentes de 2024. Em parceria com o Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS), organismo da ONU especializado em infraestrutura, a pasta vem conduzindo uma agenda contínua de visitas técnicas para apoiar municípios, acelerar obras e garantir que unidades de saúde retornem ao atendimento em condições seguras.
A estratégia combina orientação presencial, reuniões quinzenais e emissão de pareceres técnicos que auxiliam na tomada de decisão dos gestores locais. O foco é integrar apoio técnico especializado, especialmente na análise de projetos, revisão de escopos, definição de prioridades e superação de entraves jurídicos e administrativos, sem substituir a autonomia das gestões municipais, que permanecem responsáveis pela execução final das obras.
Missões técnicas em novembro
As visitas técnicas ocorrem mensalmente e, em novembro, houve agenda intensa em Porto Alegre, Cachoeirinha, Sapucaia do Sul, Novo Hamburgo, Nova Santa Rita, Montenegro e Triunfo. Até o fim do mês, estão previstas ainda novas missões em Barra do Rio Azul, Cruzeiro do Sul, Estrela, Caxias do Sul e Canela, regiões onde unidades de saúde tiveram danos que variam de perda de equipamentos à destruição total de estruturas.
Essa presença em campo permite avaliações mais precisas sobre o grau de comprometimento das unidades, o que orienta a priorização de investimentos e a reorganização do fluxo assistencial em cada município.
Municípios enfrentam desafios distintos
Em Sapucaia do Sul, as unidades Colina Verde e Carioca registraram danos estruturais severos, que afetaram salas de atendimento, instalações elétricas e áreas administrativas, exigindo reformulação completa dos espaços. Segundo a secretária adjunta de Saúde do
município, Ana Paula Macedo, o apoio técnico tem sido decisivo para garantir segurança e agilidade na recuperação: “É uma oportunidade de atender melhor a comunidade e sanar dificuldades geradas pela enchente.”
Já em Nova Santa Rita, o principal desafio foi garantir a continuidade dos serviços durante a reforma. O secretário de Saúde local, Bryan Freitas, destacou que o suporte técnico trouxe segurança à gestão: “Nosso município é pequeno, e esse acompanhamento nos trouxe segurança para seguir com a obra”.
Em Porto Alegre, a reabertura das unidades Sarandi e Mario Quintana representou um marco simbólico para a população, após meses de atendimento provisório. A coordenadora da UBS Sarandi, Cassiane Neves, comemorou a retomada: “Voltamos ao atendimento pleno, com tudo novo e adequado para a população”.
Ações coordenadas e suporte técnico contínuo
Segundo o coordenador-geral de Programação do Financiamento da Atenção Primária do MS, Dirceu Klitzke, a mobilização do Ministério da Saúde reflete o compromisso institucional com a reconstrução da rede pública do estado. O trabalho busca garantir que os recursos destinados à recuperação sejam aplicados com eficiência, transparência e qualidade técnica, assegurando que a população tenha acesso a estruturas seguras e prontas para atender às demandas pós-desastre.
O acordo firmado com o UNOPS em dezembro de 2024 prevê assistência técnica, revisão de projetos e monitoramento de 101 obras em 33 municípios. Desde então, já foram realizadas:
· mais de 40 missões técnicas presenciais,
· 258 reuniões com equipes municipais,
· 20 pareceres técnicos que embasam decisões de engenharia e planejamento.
Essas entregas funcionam como um guia para que os municípios avancem com segurança em etapas que vão da adequação dos projetos básicos e executivos à organização dos processos licitatórios.
Qualidade e segurança na retomada dos serviços
Para garantir que as obras avancem de forma padronizada e com controle de qualidade, o UNOPS segue acompanhando remotamente os 33 municípios contemplados. As reuniões quinzenais permitem identificar gargalos, alinhar soluções e estabelecer cronogramas
realistas de execução. “Nosso compromisso é contribuir para que as obras avancem com qualidade e que a estrutura de saúde seja restituída de forma segura e eficiente após a catástrofe climática vivida pelo estado”, afirma Cecília Abdo, gerente do projeto no UNOPS.
Impacto direto para a população
A recuperação das unidades de saúde tem impacto direto na vida de milhares de pessoas que ficaram desassistidas ou enfrentaram atendimentos improvisados após as enchentes. A reconstrução das estruturas, aliada ao suporte técnico para aprimorar projetos, fortalece a rede de atenção primária e garante condições adequadas para consultas, vacinação, procedimentos de rotina e acompanhamento de condições crônicas.