Modelo empregado nas unidades de conservação federais priorizam a ampla participação social e a biodiversidade nos processos, com aplicações em curso no Acre, Amazonas e Rondônia
O trabalho dos centros de pesquisa do Instituto Chico Mendes na pauta de restauração teve destaque na programação da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que aconteceu em Belém (PA). Na última segunda-feira (17), os Centros Nacionais de Pesquisa e Conservação em Biodiversidade e Restauração Ecológica (CBC) e de Conservação de Primatas Brasileiros (CPB), apresentaram , n o pavilhão Florestas da Zona Azul da COP 30 , o painel “O Papel das Unidades de Conservação Federais na Agenda da Restauração Ecológica Inclusiva”, transmitido pelas redes oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU) . Os pesquisadores do Instituto dimensionaram ao mundo como as unidades de conservação (UCs) são laboratórios ideais para implementar a agenda da restauração, inclusive com a participação das comunidades residentes nestas localidades, associando conhecimentos científico e tradicional.
Os centros de pesquisa apresentaram o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa ( Planaveg ) , no âmbito das UCs geridas pelo ICMBio . Na gestão do CBC, há um modelo replicável de restauração, que parte da aplicação numa pequena área, a fim de verificar sua efetividade e integração com a comunidade, para posteriormente ser expandido para todo o fragmento degradado. Já há iniciativas do tipo sendo empregadas no Acre, Amazonas e Rondônia.
Alexandre Sampaio, coordenador do CBC, detalhou os dois pontos apresentados, os quais indicam como processos inovadores. “A inclusão social, as pessoas sendo os principais protagonistas no processo de restauração, os principais beneficiários do investimento; e a questão da biodiversidade, pois , sem ela nos projetos não há funcionamento dos ecossistemas da forma que é devido. Sem ambos não teremos a mediação climática, não teremos o sequestro de carbono no longo prazo” , diz.
“Foi possível mostrar também como as estratégias de conservação de espécies ameaçadas de extinção podem contribuir neste processo de restauração, porque uma vez que a gente perde as populações de espécies nativas, as espécies da fauna, perdemos as funções ecológicas que elas desempenham, como dispersores de sementes, polinizadores, cicladores de nutrientes e controle de pragas” , complementa Leandro Jerusalinsky , coordenador do CPB.
Demais inserções dos Centros
Para além do painel principal na Zona Azul, os pesquisadores também integraram a mesa em pavilhões da Zona Verde da COP. Ainda no dia 17, o coordenador do CPB esteve no painel “Conservação de Primatas e Mudanças Climáticas: relações e oportunidades”, além do lançamento do guia “Primatas do Pará”. No dia 18 , o coordenador do CBC compôs a “Agenda Restaura Brasil: conectando convenções, impactando pessoas e natureza”, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), ao qual o Instituto está vinculado como autarquia ; e o analista do centro Ronald Sodré integrou o painel “Restauração florestal na Amazônia: ações e resultados sustentáveis alcançados pela cooperação” , de promoção do governo do Pará.