Durante entrevista em Brasília, presidente da República disse prever o início da queda na taxa básica de juros. Afirma confiança em Gabriel Galípolo, mas diz que o presidente da República que escolhe o dirigente do BC deveria poder retirá-lo do cargo
Durante entrevista coletiva concedida no Palácio do Planalto, na última quinta-feira (18/12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou expectativa de que o Banco Central (BC) comece, em breve, a reduzir a taxa básica de juros da economia, a chamada Selic. Para o presidente, a decisão será boa para o Brasil.
Segundo Lula, ele sente a mudança na política monetária se aproximar, assim como alguém sente o cheiro da chuva se aproximando. Lula criticou a independência do BC, mas disse manter a confiança no atual presidente da instituição, Gabriel Galípolo.
“E eu acho que todo mundo está prevendo da mesma forma que a gente sente cheiro de chuva, eu estou sentindo um cheiro de que logo, logo a taxa de juros vão começar a baixar. Agora, o Banco Central tem autonomia. É importante lembrar que jamais eu farei pressão para que o Galípolo tome a atitude que tiver que tomar”, disse o presidente.
“Eu espero que ele [Galípolo] esteja cheirando o mesmo ar de desejo que eu estou cheirando agora. E se ele fizer isso, vai ser bom para ele, vai ser bom para mim, vai ser bom para o Brasil, vai ser bom para a indústria, vai ser bom para o desemprego, vai ser bom para o salário e vai ser bom para todo mundo”.
Sobre a independência do Banco Central, segundo a qual o presidente da República não pode trocar o comando do banco antes do final do mandato previsto, Lula foi crítico: “Eu nunca fui favorável à independência do Banco Central. Nunca. Acho que o presidente da República que indica o presidente do Banco Central e tira a hora que quiser. Você coloca o presidente do Banco Central, ele não dá certo, você tira”.
A independência do Banco Central foi instituída a partir de lei complementar aprovada em 2021, garantindo à instituição mandatos fixos de quatro anos para seus diretores. Esse período não coincide com o mandato do presidente da República, pois a diretoria é escolhida dois anos após a eleição majoritária do Executivo Federal e permanece por mais dois anos, mesmo que o presidente da Nação não seja o mesmo que escolheu o comando do BC.