Um dos períodos mais aguardados pelos brasileiros é, sem dúvida, a temporada de festas de fim de ano. Para celebrar tanto o Natal quanto a chegada do Ano Novo, as famílias abraçam tradições que atravessam gerações. Desde a divertida troca de presentes no amigo oculto, típica da noite de 24 de dezembro, até o costume de comer lentilhas à meia-noite do dia 1º de janeiro para atrair sorte no novo ciclo.
Entre tantos rituais queridos, um deles ocupa lugar especial à mesa de todos: a tradicional ceia. O cardápio, muitas vezes divido entre membros da família, surge com uma infinidade de opções: arroz de vários tipos, salpicão, maionese, farofa de ovos, farofa de bananas, frango, salada de verduras, frutas frescas e hortaliças, castanhas, grãos, queijos, temperos e carnes, entre outras.
Entre a variedade de ingredientes presentes no menu das festas de fim de ano, existe um detalhe importante que, por vezes, pode passar despercebido e que muita gente desconhece: a presença da agricultura familiar.
Por trás de cada prato que chega à mesa existem alimentos frescos, saborosos e de qualidade que compõem as receitas típicas desse período, o que potencializa o trabalho das famílias agricultoras, reforçando que a produção feita no campo está presente em todas as celebrações.
Presença garantida no cardápio, o arroz pode ser servido de várias maneiras. Há quem prefira o arroz branco, mas há também quem não dispense o arroz com passas ou à grega, feito com cebola, pimentão, milho e ervilha. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam uma produção de mais de 11 mil toneladas do grão para a safra de 25/26. O estado do Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz do Brasil, utilizando principalmente o método de irrigação por inundação. Além disso, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é o maior produtor de arroz agroecológico da América Latina.
Legumes produzidos pela agricultura familiar, como cenoura, batata, vagem, cebolinha e salsa compõem a receita de uma boa maionese, prato muito comum nas ceias de fim de ano. No salpicão, os ingredientes são praticamente os mesmos, a diferença é a adição do frango desfiado, que promete sabor e textura característicos à preparação. Base do salpicão, a criação de galinhas caipiras é uma atividade ideal para agricultores familiares, com o custo de produção inferior ao das aves criadas em granjas comerciais se firmando como uma boa opção de geração de renda.
Além da decoração
As frutas consumidas nesse período também ganham destaque e acrescentam um toque especial às celebrações. Frutas como o abacaxi, manga, uva, pêssego, ameixa, nectarina, morango, tâmara e figo seco são tipicamente cultivadas no campo pelos agricultores e tradicionais em diversas receitas. Além disso, são utilizadas pelas famílias para decorar a mesa e até mesmo como sobremesa após a importante refeição feita à meia-noite.
A secretária de Abastecimento, Cooperativismo e Soberania Alimentar do MDA (Seab), Ana Terra Reis, explica que o período festivo impulsiona a produção de alimentos e reforça a presença da agricultura familiar nas mesas brasileiras. “Nesse período, alguns produtos ganham maior destaque em termos de produção e comercialização. A presença da agricultura familiar é fundamental, especialmente no fornecimento de frutas, verduras e legumes que compõem grande parte da ceia”, diz.