Dados divulgados neste mês indicam resultados recordes no combate ao desmatamento em Unidades de Conservação federais em 2025. O País leva à conferência sua experiência na proteção de um dos maiores sistema de áreas conservadas do mundo, sob gestão do ICMBio
O Brasil mantém sob proteção federal cerca de 10% do território nacional em Unidades de Conservação (UCs) — que somam mais de 90 milhões de hectares e representam uma das maiores extensões de natureza preservada do planeta. A gestão é conduzida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), autarquia vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) criada em 2007 para proteger a biodiversidade, fiscalizar atividades ilegais em territórios protegidos e realizar pesquisas na área.
Dados divulgados no início do mês confirmam redução histórica do desmatamento em UCs federais em 2025. O desmatamento total na Amazônia Legal caiu 11,08% em relação ao ano anterior, e nas áreas protegidas federais houve redução ainda maior, de 31% em comparação a 2024 — o menor índice registrado no bioma desde a criação do ICMBio, em 2007.
O presidente do ICMBio, Mauro Oliveira Pires, afirma que florestas, biodiversidade e áreas protegidas são essenciais para garantir melhores condições de vida e, na COP30 mostrar isso a toda a sociedade é uma das principais pautas do órgão. “O desafio é sair da conferência com uma agenda sólida, mostrando que as UCs são eficazes para mitigar e se adaptar à mudança do clima”, avalia.
Cuidar da natureza com as pessoas
No Brasil, parte das UCs é de uso sustentável, como as reservas extrativistas federais, que abrigam cerca de 70 mil famílias. Isso ocorre, por exemplo, em áreas que possuem seringas, árvores nativas da Amazônia, conhecidas principalmente por produzir o látex, uma seiva que é a matéria-prima da borracha natural extraída por populações que vivem nestas regiões. “Essa relação entre natureza e comunidades é uma marca do nosso modelo de gestão”, explica Mauro Pires.
“Algo muito marcante que Chico Mendes falou é que, no início, ele imaginava estar lutando para defender as seringueiras e, com elas, os seringueiros que delas dependiam. Depois, viu que estava defendendo a floresta. Por fim, percebeu que, na verdade, estava defendendo a humanidade”, afirma o presidente do Instituto, ao citar o líder socioambiental brasileiro que dá nome ao instituto.
No início deste mês, no dia 03/11, durante a agenda pré COP30, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, Mauro, as ministras, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva e a dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara visitaram duas UCs federais no oeste do Pará. Eles reforçaram o compromisso com a gestão integrada entre conservação ambiental e desenvolvimento social.
ICBMBio na COP30
Das 344 UCs do instituto, 134 ficam no bioma da Amazônia. “Fazer a COP na Amazônia é chamar a atenção do mundo para o valor das florestas tropicais”, enfatiza Pires.
O ICMBio leva ao evento temas como o protagonismo das mulheres na conservação e o avanço da cooperação internacional. O instituto assinará dois acordos na conferência: um com o Office Français de la Biodiversité, sobre áreas de proteção ambiental habitadas, e outro com o estado alemão de Baden-Württemberg, para intercâmbio técnico com o Parque Nacional da Floresta Negra. Além disso, o órgão pretende fortalecer parcerias, como a cooperação com o Peru, e ampliar o diálogo com órgãos ambientais internacionais.
Nesta segunda e terça-feira, 17 e 18/11, a COP30 destaca a gestão planetária e comunitária — centrando-se em Florestas, Oceanos e Biodiversidade, com foco nos Povos indígenas, Comunidades locais e tradicionais, entre outros temas.