Balanço Ético Global abre espaço para participação e reconhece potência transformadora de crianças e adolescentes
O Balanço Ético Global dá mais um passo importante e amplia o debate da compreensão da crise climática para as crianças e adolescentes. Com a proposta de convidar pessoas, grupos, instituições e comunidades do mundo inteiro a se reunirem para conversar, escutar, refletir e propor caminhos para um mundo mais justo, sustentável e solidário, o BEG coloca a ética no centro das decisões. O BEGlobal é um chamado mundial à ação climática rumo à COP30, em novembro.
Crianças e adolescentes são sujeitos em desenvolvimento com formas próprias de ver, sentir e interpretar o mundo. Ao simbolizar um espaço de escuta representativa e global, o BEG abre a oportunidade de participação para crianças e adolescentes, reconhecendo a potência transformadora e o direito de participar ativamente das conversas que moldam o presente e o futuro do planeta.
A coordenadora geral do Departamento de Educação Ambiental e Cidadania do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Isis Akemi, explica que as crianças e adolescentes são sujeitos de direitos, e que podem e devem opinar, principalmente, na questão da mudança do clima.
“Toda a problemática relacionada à mudança do clima ficará para as futuras gerações. Os impactos, o desequilíbrio climático e tudo o que estamos enfrentando agora tendem a se agravar em um futuro próximo. Diante disso, é fundamental que crianças e adolescentes tenham suas vozes ouvidas para opinar sobre formas de evitar que esse colapso aconteça e que a crise climática se intensifique”, disse Akemi.
A inclusão de crianças e adolescentes nos diálogos do BEG é um esforço da Presidência da República do Brasil, do Secretariado-Geral das Nações Unidas, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e do Ministério das Relações Exteriores para Ação Climática e Transição Justa para potencializar vozes de crianças e adolescentes, reafirmando que eles não são apenas o futuro, mas sujeitos de direitos e agentes de transformação no presente.
Compromisso ético
Um dos compromissos do Balanço Ético Global pensado para crianças e adolescentes é não reforçar medos ou alimentar a ansiedade climática. Ao contrário, propõe fortalecer vínculos, inspirar confiança coletiva e cultivar sonhos que nos permitam imaginar outros mundos possíveis.
A consultora do Departamento de Educação Ambiental e Cidadania do MMA, Fernanda Oliveira, explica a importância de adaptar a metodologia do BEG para a escuta desse público. “Temos que ter cuidado na condução desses diálogos, para não resultarem em respostas prontas. Não queremos ouvir das crianças e adolescentes aquilo que desejamos ouvir, mas, sim, que a contribuição seja genuína e espontânea. Por isso, os diálogos devem ser conduzidos para respeitar as próprias formas de expressão deles. Outro desafio é uma realidade emergente: a ansiedade climática, ou ecoansiedade. É preciso trazer a discussão sobre a crise climática e ambiental para esse universo sem provocar preocupações excessivas com o futuro delas e da humanidade”, afirma.
Isis Akemi ainda destaca que a concepção do Balanço Ético Global para o público de crianças e adolescentes sempre esteve presente nas discussões. No entanto, essa faixa etária não foi contemplada na metodologia lançada inicialmente. A decisão ocorreu porque era necessário refletir, antes, sobre os cuidados ao tratar da crise climática com esse grupo, para evitar o risco de gerar ansiedade climática.
Orientações metodológicas
O objetivo é que as discussões levantadas pelo BEG com crianças e adolescentes contribuam para abrir a oportunidade de participação para esse público, reconhecendo sua potência transformadora e o direito de participar ativamente das conversas que moldam o presente e o futuro do planeta.
Para isso, estão sendo realizados diálogos autogestionados do BEG com crianças e adolescentes, isto é, encontros organizados de forma livre e descentralizada por escolas, educadores, coletivos, famílias, movimentos sociais, redes e comunidades, com o objetivo de escutar o que meninas e meninos pensam, sentem e desejam em relação ao mundo em que vivem. Para ser considerado um braço do BEG, ele precisa atender a três requisitos: respeitar as Diretrizes para o trabalho com crianças e adolescentes; reunir, no mínimo, 20 participantes com idades entre 11 e 17 anos; e responder a, pelo menos, uma das cinco Perguntas orientadoras comuns.
Os encontros seguem a mesma proposta metodológica do BEG com adultos, mas com uma linguagem mais acessível, lúdica e sensível à diversidade de infâncias e juventudes. O objetivo é escutar as percepções, sentimentos, ideias e propostas de crianças e adolescentes sobre o mundo em que vivem e o mundo que desejam. E fazer isso de forma respeitosa, ética e inspiradora, garantindo o direito à participação e o protagonismo de quem tantas vezes é deixado de fora das decisões que moldam nosso futuro comum.
Um documento está sendo elaborado para guiar os diálogos autogestionados do Balanço Ético Global com crianças e adolescentes.
Balanço Ético Global
Inspirado no processo do Balanço Global do Acordo de Paris, o Balanço Ético Global propõe uma escuta coletiva e profunda sobre os dilemas morais e civilizatórios que a crise climática impõe à humanidade. O BEG convida lideranças religiosas, artistas, povos indígenas e comunidades locais, jovens, cientistas, empresários, mulheres, ativistas e formuladores de políticas das seis regiões continentais do planeta a refletirem sobre os valores, comportamentos e responsabilidades que precisam ser transformados para que os compromissos assumidos nas Conferências do Clima da ONU se tornem realidade.
O Balanço é liderado pelo Círculo do Balanço Ético da Presidência da COP30, constituído pelo Presidente do Brasil e pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, com apoio da Presidência da República, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, do Ministério das Relações Exteriores e da Secretaria-Geral da ONU para Ação Climática e Transição Justa.