O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a Cúpula dos Povos, encerrada no último domingo (16/11), em Belém (PA), foi fundamental para tornar viável a COP 30. Em uma carta enviada à Cúpula, lida pela ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, Lula enfatizou o papel da participação social e a urgência de rever nossas ações.
“A COP 30 não seria viável sem a participação de vocês”, afirmou.
Mudar nossa relação com o planeta é uma tarefa urgente. No mundo que desejamos, a devastação ceda lugar ao desenvolvimento sustentável. Queremos um mundo em paz, mais solidário e menos desigual, livre da pobreza, da fome e da crise climática”, defendeu o presidente.
Lula pontuou ainda que o enfrentamento à emergência climática exige o engajamento de toda a sociedade. “O combate da mudança do clima precisa da mobilização e contribuição de toda a sociedade e não só dos governos. O entusiasmo e o engajamento de vocês são contagiantes. Vocês são portadores da força e da legitimidade dos que almejam um mundo melhor”.
A Cúpula dos Povos, evento paralelo à COP 30, realizada na Universidade Federal do Pará (Ufpa), reuniu mais de 70 mil participantes de movimentos sociais, organizações ambientais, povos indígenas e tradicionais para buscar respostas aos desafios da crise climática.
Ainda no ato, Marina Silva destacou que esta deve ser “a COP da verdade e a COP da implementação”.
O que foi feito ainda não é suficiente, porque o clima já mudou. O que vivemos atualmente não é mais urgência, é uma emergência climática”, reforçou Marina.
Os avanços na agenda ambiental e o compromisso do governo federal com o desmatamento zero até 2030 foram reiterados pela ministra. “Já reduzimos 50% do desmatamento na Amazônia. Os incêndios reduziram 88% na Amazônia, 90% no Pantanal, 48% no Cerrado”.
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, ponderou que a democracia é feita com participação dos povos, com escuta e compromisso. “E é com esse senso de responsabilidade que a gente chega aqui para acolher a carta construída pelos maiores guardiões da vida”.
Na cerimônia, foi lida uma declaração final da cúpula que reforçou pautas socioambientais. O documento entregue ao presidente da COP 30, o embaixador André Corrêa do Lago, convocou povos a se organizarem por justiça ambiental.
O diálogo com a sociedade civil reforça a posição do Brasil na agenda climática global, observou o presidente da COP. “Essas declarações fortalecem de maneira incrível a posição do Brasil nessas negociações”.
A avaliação foi compartilhada pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos, que sublinhou a importância da participação popular. “Para que ela seja efetiva, tem que ser uma COP com participação social. E quem representou com excelência a participação e a voz dos povos nesta COP foi a Cúpula dos Povos.”
A iniciativa, considerada o maior espaço de participação social da conferência, começou na última quarta-feira (12/11). A programação reuniu cerca de 200 atividades, entre plenárias, painéis, oficinas e encontros setoriais, organizados por mais de mil instituições.
Também foi entregue às autoridades uma carta da “Cúpula das Infâncias”, lida pelas crianças no encerramento.
Estiveram presentes no evento a diretora-executiva da COP 30, Ana Toni, e a liderança do povo indígena Kayapó, cacique Raoni.
Leia a íntegra da carta do Presidente Lula
Mensagem do Presidente Lula para o encerramento da Cúpula dos Povos:
É uma enorme satisfação me dirigir aos participantes da Cúpula dos Povos, que se se encerra hoje em Belém.
A COP 30 não seria viável sem a participação de vocês, essa extraordinária concentração de pessoas que acreditam que outro mundo é possível e necessário. Como tenho dito em todos os foros internacionais de que participo, debaixo de cada árvore da Amazônia, há uma mulher, um homem, uma criança.
O combate da mudança do clima precisa da mobilização e contribuição de toda a sociedade e não só dos governos. O entusiasmo e o engajamento de vocês são contagiantes. Vocês são portadores da força e da legitimidade dos que almejam um mundo melhor.
Mudar nossa relação com o planeta é uma tarefa urgente. No mundo que desejamos, a devastação ceda lugar ao desenvolvimento sustentável. Queremos um mundo em paz, mais solidário e menos desigual, livre da pobreza, da fome e da crise climática.
Esta é uma COP da verdade e as demonstrações da sociedade civil estão alinhada com a ciência. Temos urgência. Não podemos adiar as decisões que estão sendo debatidas a tantos anos nas negociações como Transição Justa e Adaptação. Precisamos de mapas do caminho para que a humanidade, de forma justa e planejada, supere a dependência dos combustíveis fósseis, pare e reverta o desmatamento e mobilize recursos para esses fins. Não podemos sair de Belém sem decisões sobre estes temas.
Os líderes mundiais que estiveram em Belém conheceram a realidade da Amazônia e entenderam que a divisão entre humanidade e natureza não faz sentido. Na primeira semana de negociação, os trabalhos avançaram de forma inclusiva e transparente. Esta semana será fundamental para o resultado da COP 30.
Voltarei a Belém no dia 19 de novembro para encontrar o Secretário Geral da ONU em um esforço conjunto para fortalecer a governança do clima e do multilateralismo.Também vou participar de reuniões com vários países, representantes da sociedade civil, povos indígenas e populações tradicionais, e governadores e prefeitos.
Um grande abraço a todos e muito obrigado.