Brasil, China e Reino Unido, com apoio da Presidência da COP 30, co-organizaram uma cúpula sobre metano. A reunião teve representantes de Barbados, França, Alemanha, da Climate and Clean Air Coalition e da Bloomberg Philanthropies, neste sábado (8/11) em Belém.
Foi lançado um conjunto de iniciativas históricas para acelerar a ação global sobre metano e outros gases de efeito estufa não-CO₂ – a maneira mais rápida e eficaz de desacelerar a mudança do clima e gerar benefícios imediatos para a qualidade do ar, segurança alimentar e saúde pública.
Juntos, esses anúncios sinalizam uma nova era de cooperação, transparência e responsabilidade para reduzir metano e outros gases que não são CO₂, por meio de regulamentação alinhada, mitigação rápida e mercados mais justos. Nas discussões, os líderes destacaram a necessidade urgente de enfrentar a “outra metade” da mudança do clima, incluindo metano, óxido nitroso e hidrofluorocarbonos (HFCs).
Eles ressaltaram como os países estão agindo tanto nacional quanto internacionalmente para acelerar a redução dessas emissões e reafirmaram que confiança, parceria e responsabilidade compartilhada são essenciais para avançar mais rapidamente juntos — um verdadeiro mutirão pelo metano.
A ministra do Meio Ambiente e Clima do Brasil, Marina Silva, juntamente com o secretário de Estado para Segurança Energética e Net Zero do Reino Unido, Ed Miliband, anunciaram o lançamento do “Acelerador de Ação dos Países sobre Superpoluentes”, iniciativa plurianual da CCAC para acelerar reduções profundas de metano e HFCs, entre outros, em 30 países em desenvolvimento até 2030.
Serão criadas Unidades Nacionais de Super Poluentes, inspiradas nas bem-sucedidas Unidades de Ozônio do Protocolo de Montreal, para garantir ações contínuas dentro das instituições governamentais. O primeiro grupo de sete países – Brasil, Camboja, Indonésia, Cazaquistão, México, Nigéria e África do Sul – receberá coletivamente um pacote inicial de US$ 25 milhões.
O objetivo é mobilizar US$ 150 milhões em sua primeira fase e implementar ações coordenadas de alto impacto, alinhadas às prioridades nacionais, trazendo benefícios imediatos para saúde pública, agricultura e resiliência econômica, ao mesmo tempo em que reforça o impulso global para ação climática de curto prazo.
O Reino Unido também anunciou um esforço coletivo para reduzir significativamente as emissões de metano, por meio da declaração “Reduzindo Drasticamente as Emissões de Metano no Setor Global de Combustíveis Fósseis”. Ela estabelece seis ações para acelerar reduções na cadeia de valor de óleo e gás. Isso inclui medição e verificação robustas, eliminação da queima e ventilação rotineiras até 2030 e apoio a países produtores de baixa e média renda.
Além disso, cria um painel de governos para desenvolver um mercado de intensidade de metano próximo de zero, com progresso a ser reportado em 2026. O Reino Unido e parceiros convidaram outros países a endossar e implementar os objetivos da declaração.
“Gases de efeito estufa de curta duração, como o metano, têm impacto mais potente no aquecimento global do que o CO₂, mas permanecem na atmosfera por menos tempo. Reduzir suas emissões nos dá a oportunidade de manter a temperatura média do planeta dentro de 1,5°C, diminuindo a frequência, intensidade e impacto de eventos climáticos extremos e protegendo vidas, especialmente das pessoas mais vulneráveis. Hoje, o mutirão global contra o metano ganhou apoio crucial com o lançamento do “Acelerador de Ação dos Países sobre Superpoluentes”, iniciativa conjunta do Brasil e do Reino Unido,” disse Marina Silva.
O ministro da Ecologia e Meio Ambiente da China, Huang Runqiu, afirmou: “A cúpula não apenas reforça o papel crítico do controle de metano e outros gases de efeito estufa não-CO₂ na resposta global às mudanças climáticas, mas também incentiva todas as partes a compartilhar políticas e ações adotadas no processo de redução de emissões. Mudanças climáticas são um desafio global e seu enfrentamento requer esforços concertados de todo o mundo.”
Ed Miliband declarou: “Reduzir metano e outros gases de efeito estufa não-CO₂ é uma das maneiras mais rápidas e eficazes de frear o aquecimento global e limpar o ar. O Reino Unido tem orgulho de estar na COP 30, trabalhando com parceiros internacionais para transformar ambição em ação concreta por meio do nosso Plano de Ação do Metano.”
A embaixadora de Barbados, Liz Thompson, ressaltou: “Reduzir as emissões globais de metano é uma questão de sobrevivência, estabilidade social e sustentabilidade econômica para pequenas ilhas.” Citando exemplos recentes, como o furacão Melissa, que atingiu a Jamaica há duas semanas causando cerca de US$ 10 bilhões em danos, enfatizou a urgência da ação. “Precisamos que as empresas de óleo e gás reconheçam a importância de cortar emissões de metano, parando a queima e os vazamentos. Os países aqui reunidos podem liderar pelo exemplo, controlando suas emissões domésticas de metano, e no próximo ano devemos avançar nas discussões para que a COP31 possa apresentar uma proposta concreta que inicie esforços rumo a um acordo legalmente vinculante.”
A CEO da COP 30, Ana Toni, destacou que a próxima conferência climática será uma plataforma para mostrar soluções escaláveis, demonstrar liderança dos países e mobilizar financiamentos para mitigação rápida. “O tempo é nosso maior desafio, e reduzir emissões de metano é uma solução crítica que entrega resultados mais rápidos”, disse, convocando a comunidade global a agir em conjunto e convidando participantes a se engajar em iniciativas focadas em metano durante a COP 30, incluindo a reunião ministerial.
Juntos, esses anúncios representam uma nova era de cooperação e responsabilidade para reduzir metano e outros gases não-CO₂ por meio de regulamentação, mitigação rápida e mercados mais justos. Ao integrar esses esforços aos sistemas globais de clima, comércio e desenvolvimento, os líderes transformaram compromisso em implementação – dando um passo decisivo para acionar o freio de emergência climática.