Em visita ao Brasil para compromissos do Prêmio Earthshot 2025, William visitou o local onde se preserva a maior floresta urbana do mundo, gerida pelo ICMBio
O príncipe William, herdeiro do trono britânico, se deslumbrou em sua primeira visita ao Parque Nacional da Tijuca na manhã desta quarta-feira (5/11), durante a realização de um dos compromissos do Prêmio Earthshot 2025. A honraria de abrangência internacional é concedida pela The Earthshot Prize Foundation a indivíduos, entidades ou organizações por ações de proteção ambiental e de combate às mudanças climáticas. O parque é gerido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
William chegou pontualmente ao Parque às 8h30 e se dirigiu ao Alto Corcovado, onde fica a estátua do Cristo Redentor, localizada dentro da Unidade de Conservação Federal.
Entre as autoridades que receberam o príncipe, a chefe do Parque Nacional da Tijuca, Viviane Lasmar, apresentou para William o projeto pioneiro de reflorestamento iniciado há quase dois séculos: a Floresta da Tijuca, que é a maior floresta urbana replantada do mundo. Na conversa, o príncipe disse que a floresta mostra a real beleza da cidade, que não pode ser compreendida por quem ainda não visitou o Rio e não sabe como ela é deslumbrante.
A chefe do Parque também entregou nas mãos do príncipe um exemplar do livro comemorativo Parque Nacional da Tijuca, do autor Vitor Marigo, que conta a história da área preservada pelo ICMBio. Com ela estavam o prefeito do Rio, Eduardo Paes, e a embaixadora do Reino Unido no Brasil, Stephanie Al-Qaq.
A floresta mostra a real beleza da cidade, que não pode ser compreendida por quem ainda não visitou o Rio e não sabe como ela é deslumbrante”, disse o príncipe William.
“A visita do príncipe William no Parque Nacional da Tijuca, que já recebeu outras figuras mundiais importantes no passado, como o físico Albert Einstein (em 1925) ajuda a levar para o mundo um dos projetos de reflorestamento mais bem sucedidos do planeta, que é a regeneração da Floresta da Tijuca”, observa Viviane Lasmar.
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Parque Nacional da Tijuca e a sua história
O Parque Nacional da Tijuca é o mais visitado de sua categoria em todo o país: em 2024, foram mais de 4,6 milhões de visitantes. Responsável por proteger a maior floresta urbana replantada do mundo e que ajuda a controlar a temperatura média do Rio de Janeiro. Estima-se que a temperatura seria cerca 5ºC mais elevada sem a ação da floresta.
O parque é uma Unidade de Conservação Federal gerida pelo ICMBio. Além disso, a Unesco reconhece o parque como Reserva da Biosfera desde 1991, além de ter incluindo a UC como parte da primeira paisagem cultural urbana declarada Patrimônio Mundial da Unesco, título concedido em 2016.
Dentro do Parque, estão atrações famosas dentro e fora do Brasil, como o Cristo Redentor, que fica no Alto Corcovado, o Parque Lage, a Pedra da Gávea, a Pedra Bonita, o Mirante Dona Marta, a Vista Chinesa e outros pontos turísticos emblemáticos do Rio.
Em 1861, as florestas da Tijuca e das Paineiras foram oficialmente declaradas por Dom Pedro II como Florestas Protetoras. A partir deste momento, teve início então um processo de desapropriação de chácaras e fazendas com o objetivo de promover o reflorestamento e permitir a regeneração natural da vegetação.
A Tijuca está entre as áreas protegidas pioneiras no mundo, já que é mais antiga até do que Yellowstone, o primeiro Parque Nacional, criado em 1872, nos Estados Unidos. O Parque Nacional da Tijuca é reconhecido internacionalmente por abrigar a maior floresta urbana replantada pelo do mundo.
Apesar de o reflorestamento ter sido confiado ao major Manuel Gomes Archer, ele iniciou o trabalho com 11 pessoas negras escravizadas, alguns feitores, encarregados e assalariados que deram início ao reflorestamento.
Em apenas 13 anos, mais de 100 mil árvores foram plantadas, principalmente espécies da Mata Atlântica.
Na linha de frente, os negros escravizados demonstraram, naquela época, conhecimento especializado sobre a dinâmica da floresta. Seus nomes eram: Maria, Eleutério, Constantino, Manoel, Mateus, Leopoldo, Sabino, Macário, Clemente, Antônio e Francisco. Eles preparavam os caminhos, abriam os locais de plantio e cultivavam mudas de espécies nativas de maneira sustentável, demonstrando um profundo entendimento do ecossistema há mais de 160 anos.
Em 1961, a maior parte do Maciço da Tijuca – que abrigava as florestas das Paineiras, do Corcovado, da Tijuca, da Gávea Pequena, dos Trapicheiro, do Andaraí, dos Três Rios e da Covanca – foi transformada em Parque Nacional, recebendo o nome de Parque Nacional do Rio de Janeiro, com 33 quilômetros quadrados.
Seis anos depois, em 8 de fevereiro de 1967, seu nome foi definitivamente alterado para Parque Nacional da Tijuca e, em 4 de julho de 2004, um Decreto Federal ampliou os limites do Parque para 39,51 km², incorporando locais como o Parque Lage, a Serra dos Pretos Forros e o Morro da Covanca.
Por Marcus Carmo/ICMBio