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Valorização dos patrimônios materiais e imateriais dos povos ancestrais é tema de debate

19 de agosto de 2025
Valorização dos patrimônios materiais e imateriais dos povos ancestrais é tema de debate
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A Fiocruz e o Museu da Maré sediaram, na última semana, o 1º Encontro sobre Patrimônios Periféricos. O evento, realizado um dia em cada instituição, teve como objetivo desenvolver uma discussão sobre a necessidade de trazer esses patrimônios materiais e imateriais para o centro do debate, dando a eles a importância como provas históricas da formação do Brasil, de uma maneira diferente da replicada no cenário capitalista e colonialista em que vivem e viveram os povos ancestrais. O encontro buscou valorizar as culturas amefricanas que estão presentes na construção e formação do país, levando em conta o apagamento, a sobreposição e/ou apropriação deles pelo processo de colonização e racismo.

Nos dois dias do encontro ocorreram apresentações de trabalhos voltados ao resgate da história material e imaterial, construção de acervos e formação de pessoal especializado na área de patrimônios. A coordenadora de Relações Interinstitucionais da Fiocruz, Zélia Profeta, propôs que a pauta e as metodologias sejam apresentadas no Fórum Oswaldo Cruz, recém-instituído pelo presidente da Fundação, Mário Moreira. “Precisamos trazer a periferia para a academia e valorizá-la, para sermos fiéis à nossa História e promover uma democracia mais ampla, justa e inclusiva”, afirmou Zélia.

O evento foi organizado a partir da iniciativa da educadora e doutora em Saúde Pública Márcia Lenzi, da Estratégia Territorial Fiocruz-Maré, e de quatro pesquisadoras formadas pelo Programa de Pós-Graduação em Preservação e Gestão do Patrimônio Cultural das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz): Christiane dos Santos Rio Branco, Thamires Ribeiro de Oliveira, Ana Paula dos Reis e Thayná Claudio Fortunato. A Coordenação de Relações Interinstitucionais da Fiocruz também participou da organização.

O pesquisador Cláudio Honorato, do Instituto dos Pretos Novos, mostrou a importância de a Pequena África – região do Centro do Rio de Janeiro – ser reconhecida como patrimônio da Unesco. “É um museu a céu aberto que guarda pedaços escondidos da história ligada à chegada dos pretos novos ao Cais do Valongo. Eles foram os verdadeiros protagonistas da construção deste país”. Segundo Honorato, “os patrimônios amefricanos, formados por conhecimentos, práticas e expressões culturais de matrizes africanas e indígenas, são fundamentais para a identidade das populações periféricas. No entanto, enfrentam ameaças constantes devido ao apagamento histórico e à marginalização dessas narrativas. Proponho uma reflexão sobre a valorização e preservação desses patrimônios como instrumentos de resistência, pertencimento e construção de futuros possíveis para comunidades historicamente invisibilizadas”.

O professor Álvaro Nascimento, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), pesquisador responsável pelo Centro de Documentação e Imagem (Cedim), abordou o trabalho que desenvolve com a história de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, às margens dos estudos clássicos de formação de patrimônios materiais e imateriais do estado. Um trabalho que envolve a população e as gerações jovens nas escolas, no recontar o passado e explicar o presente. “O projeto Memórias Reveladas surge como uma iniciativa que fortalece o papel das escolas na construção de acervos comunitários, resgatando histórias e vivências de populações da Baixada Fluminense”, observou Nascimento.

As professoras Monica Lima e Souza, diretora-geral do Arquivo Nacional e professora de História da UFRJ, e Luciana Heymann, coordenadora do PPGPAT da COC/Fiocruz, abordaram a importância de ampliar o processo de descolonização nos cursos de pós-graduação, com novas referências bibliográficas e participação de representantes de culturas diversas em sua constituição. Ir aos territórios chamados periféricos e trazê-los para as salas como palestrantes foi uma das propostas das rodas de conversa formadas ao final dos dois dias.

De acordo com Monica, “os legados amefricanos, apesar de sua relevância na formação cultural e histórica do Brasil, são sub-representados na academia. É importante discutir a necessidade de incorporar esses saberes na pós-graduação, promovendo abordagens interdisciplinares que reconheçam a profundidade e a sofisticação das contribuições africanas e indígenas para o pensamento científico e humanístico”.

Luciana Heymann afirmou que, “nos últimos anos, a pós-graduação da Fiocruz tem passado por mudanças significativas, ampliando seus horizontes temáticos e metodológicos. Com o crescimento de pesquisas voltadas para questões raciais, territoriais e decoloniais”. Em sua sessão ela abordou como esses novos olhares têm redefinido a produção acadêmica, contribuindo para a construção de saberes mais plurais, comprometidos com a realidade das populações historicamente marginalizadas.

Pesquisadores do PPGPAT da COC/Fiocruz mostraram estudos ricos em construção de uma ciência mais próxima dos povos invisibilizados, demonstrando o quanto há de legados construídos ao longo dos séculos, em processo de troca entre os povos originários e os afrosdiaspóricos. O mestrando Gabriel Ferreira, da COC/Fiocruz, apresentou a pesquisa Fotoescrevivência no olhar da periferia: do acervo imagens do povo aos novos acervos em territórios periféricos. E o mestre formado pela COC Bruno Sandes discutiu a pesquisa Cultivando conexões: agricultura, alimentação e religiosidade em um terreiro afro-brasileiro bantu, de sua autoria.

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